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Não há gritos demais silenciosos
incapazes de se ouvir,
outros tantos que se podem transmitir,
por olhos tristes
vagueando na cinza da cidade
cuja noite disfarça,
ou por montes e vales
que pouco mais distantes são,
do que aquilo que a vista alcança...
as lágrimas sao combustível
na promessa inatingível...
e ardem corações,
onde antes palavras corrosivas se amontoavam.

os actos perdem-se pelas horas...
vozes nascem roucas,
tropeçam imensas vezes no medo
e por medo muitos rostos comparam-se
a desenhos manchados
cuja aguarela não tem expressão
para os colorir.

Não se vê nascer o sol
e por momentos não se sente acordar,
a corpo de quem o espírito perdeu-se
em busca de um pouco de esperança.

e quem não vive da razão,
não a possui,
mesmo que pretenda ter demasiada razão
para a razão de querer humilhar o sorriso,
por mais frágil que seja,
da vontade de ser feliz...

serei sempre vento a solta
nesse oceano estranho
que nao se mexe
nao existem ondas no meu mar
quase nao parece que sou
esse vento a solta
esse mundo revoltado
tao sereno parece
mas nao serena
nao se aguenta
nao foge,
nem fica entre minhas maos tremulas...
nao sei porque voo,
nao sei porque esse mar nao se mexe,
porque me contento, porque me entristeço...
ja nao sei o que pareço
neste momento cruel
em que os pensamentos se desalinham em mim...

ouço a voz de uma alma que foge aos poucos
que se derrete em promessas
se desfaz em segundos e renasce
na lenta escuridão de um beijo...
no arrebatado abraço que se desmancha
por si só... e se entrega ao desalento do olhar...
ó destino faz-me cega... cega de pensamentos...
quero ser apenas sensaçao de mim...
ó certeza cerra as duvidas que se acumulam
neste ser intranspunível... dilacera as marcas...
nao quero que mais se acumulem na minha pele...

nao quero sentir fraqueza...
abandona-me...mas na certeza,
que esse foi um sorriso verdadeiro,
equivalente ao teu mundo inteiro...
esse suspiro foi profundo,
como o mais profundo receio
na vida que consomes...
abandona-me vida mas nao te esqueças
que o tempo nao joga a teu favor...
nem a favor de ninguem...
decide, mas decide bem...
eu nao perco por perder,
nao ganho mais se continuar a viver assim...
nem menos porque nao gostas de mim...
eu tenho os pés assentes em cimento de cinzento pálido
nesta cidade que tropeçou no tempo e desfez a realidade
e que no sonho se desarrumou por tempo indescreto...
de uma mente de um caminhante insurrecto...
vem! podes vir buscar-me eu nao faço birra
a validade deste amor nao expira...

o caminho é longo mas nao é impossível de ser feito...
mais depressa fica desfeito no tempo
e quanto mais penso danifico esse caminho com espinhos...
la porque nao vejo os teus carinhos
nao quer dizer que nao os sinta...
nao quer dizer que minta
quando digo que estou triste,
mas nao quer dizer que estou descontente,
infeliz, como uma pobre demente...
nao porque eu sou demasiado rica...
rica em promessas feitas em cima do joelho...
escritas num livro demasiado velho...
que ninguem aprendeu de certo a ler...
mesmo que nada tenha de meu...
posso usar e abusar de tudo...
mesmo que nao seja aconselhado, porque faço sofrer...
quem pouco ou nada tem a ver com as conversas
que travo com a consciência, dorida,
para sempre escondida...
deixa-me aprender a dizer perdão...
antes que me leves sem razão...
antes que me sigas peço perdão...
por nao saber te amar, ó vida!
por nao saber chorar por ti, minha vida!
deixa-me aprender a dizer-te
que és mais do que vida em mim...
mais do que tudo para mim...
deixa-me dizer que morro por ti!
deixa-me dizer que és o meu fogo eterno!
deixa-me sonhar com a vontade com que vens até mim!
essa mesma vontade que tens de me abraçar!

esse mar nao se mexe...
mas mexe dentro de mim... agora sei...
esse amor, esse mar... vida em mim...