
ontem vi flores, para te dar...
vi sonhos para te entregar
em forma de flores e não estavas...
quanta ingenuidade...
viestes falar de felicidade
e eu não te trouxe flores...
onde está agora a minha eloquência,
já não ha paciência, já não há flores...
e eu que me esqueci das flores...
onde quer que olhe já só vejo dores...
se eu não te entreguei essas flores,
nao chores... eu já nao tenho mais flores...
não te demores...
onde quer que estejas já não recebes mais flores...
porque são mais caras que as minhas dores...
se eu tivesse ao menos um jardim cheio de flores...
em vez de um silvado de dores...
diz-me que são amores-perfeitos...
diz-me que são hortências...
que são rosas sem espinhos...
que são ramos de rosmaninho
perdido por esses caminhos...
diz-me que são flores...
diz-me que não são dores colhidas sem destino...
de onde vêm os teus passos perdidos...
diz-me que não pisaste de propósito
essas flores que me esqueci de te trazer...
já não tenho mais as flores
que quis colher para te dar...